segunda-feira, 31 de agosto de 2009

de quando a vida se mostra insuperável...

Uma reunião de coisas acontecem e nos inebriam, nos aproximam da sensação de eternidade.... e no instante seguinte estamos novamente nós, defrotados e afrontados com a pequeniz e a fragilidade do corpo... retornei a um livro... retornei e ele continua provocando-me as mesmas intensidades... falo do escritos que já transcendeu a pontuação, fala de saramago e seu 'evangelhoe segundo jesus cristo', segundo o mártir heróico ocidental que faz-se homem o português deste escritor que me tragou há anos, anos atrás. revivi as imagens da crucificação de josé, e na minha mente acorre de eu me perguntar 'mas onde está escrito que ele se crucificou, onde??? volto à cabeça ao horizonte e respiro as reflexões que me passam sem conseguir traduzí-las em palavras... fecho o livro e, como josé, tenho sonhos e mais sonhos, como se a pró´ria leitura ativasse uma parte do meu cérebro responsável pelo contato com o arquetípico...
nessa manhã, ao chegar ao colégio onde tenho aulas de teatro curriculares (penso, ó deus, quanto foste generoso com estas crianças), chego e há algo no ar.... uma tensão, um choro... um aluno querido, querido que morreu. acidente de carro. acidente de vida. não bastasse acomoção dos professores, as sala de aula estão caladas, um luto ocidental... a perda gravada no rosto...os meninos ganham ar de adultos, tocam por instantes a verdade aterradora da vida... às vezes choram, às vezes calam.... os celulares funcionam, chamam, a internet busca notícias, busca o outro que já não está lá e não mais estará... seu corpo deixa a ausência, talvez jamais sentida por esses adultos-crianças, por esses corpo em trauma... sentem a falta e a vizinhança da morte, a sutileza e fragilidade da continuidade... calam-se porque tocam o conhecimento inexorável da vida, calm-se porque sabem de uma verdade que antes não sabiam ou se encontravam esquecida... calam-se porque a dor profunda deve permanecer inaudita...calam-se porque o conhecimento profundo lhes foi trasmitido e sentem o peso da responsabilidade e rezam para que haja alguma real esperança de que o corpo possa ser superado...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

até o sol nascer

Neste último final de semana fui a Barão Geraldo para fazer um workshop... Esses momentos são para mim pequenos respiros no cotidiano e provocam a avaliação do andamento de minhas perguntas. O que falta perguntar? Onde a pergunta se fez certeza sem razão?
Sair da cidade por dois dias já não é tarefa simples; inclui mudar, mexer e cancelar, gastar, contar com.... mas por fim, ares novos se aproximam. Mas afinal, em apenas dois dias? A entrada de novos ares depende do espaço disponível de quem respira, e acho que não o contrário....
Assim, demos uma pausa a esta filosofia aérea... Dos dois dias de trabalho, atenho-me discretamente apenas ao 2°. Meia-noite de sábado para domingo - a sala de trabalho da sede do Lume Teatro já está cheia novamente. Ao lado da porta uma pilha de cobertores e garrafinhas de água, do lado de fora da porta o frio agravado pela madrugada, do lado de dentro alongamento e espreguiçamentos e aumento dos batimentos para estar pronto a trabalhar... E a madrugada flui como um sonho... Persis-Jade, do PARA-ACTIVE começa dizendo em seu inglês suave e fluido: Me interessa saber se há diferença entre o trabalho realizado durante o dia e realizado durante a noite... E assim vamos, tentando sentir se o corpo reage o mesmo, se o coração sente o mesmo, se tudo é igual .... ou não. Ao contrário do que imaginei, o sono não é exatamente um obstáculo...ele sai de escanteio logo nos primeiros instantes. O frio se sente, mas não se impõe. Os corpos trabalham. E tudo segue assim, as propostas, os intervalos (uh! o intervalo de trina minutos, ese deixa o sono chegar)... Perto das 5h da manhã o aviso - nos preparemos para uma ação pública. Pública, mas para que público? - brinco mentalmente.
Assim, celulares sincronizados para tocar as 06h10, nos preparamos, com mochilas e apetrechos guardados e saímos rumo à rodoviária de Barão. Ao chegar, cada um escolhe um espaço, uma calçada, uma parte da cidade-centrinho de Barão e começa, 15 minutos antes das 06h10, a dançar a mudança de luz do amanhecer... Penso com meus botões que a ação é simples e poetica, mas sem grandes consequências... Penso que.... não, agora já não penso tanto... Percebo a mudança de luz, percebo maior do que é? Sério que a cada segundo o céu já não é o mesmo? O corpo trabalha diferente de dia ? Trabalho diferente de noite? 06h10 e todos correm no lugar.... estou na direção do sol, estou na direção do sol... para onde estão olhando os outros?.... Todos. Todos correm em direção ao Sol.... Viro o rosto e correndo no lugar respiro.... a disponobilidade de quem respira o ar... e a quase pausa... expandir, dançar..... conteplar.... Já essa é uma ação, disse Jade algumas horas atrás. E assimilo fisicamente o sentido de trabalhar na madrugada, assimilo sem nominar a riqueza de se respirar o nascer do Sol, assimilo e regozijo o silêmcio cultivo em horas de trabalho...e renovo meus votos de prazer a um trabalho provocativo e disciplinado, a um trabalho que produz um corte no cotidiano, mesmo que o corte seja de alguns instantes.
06h25.
acaba a ação pública, acaba e sem nos despedirmos e quase sem nos olharmos, cada um pega seu violão e sua sacola e parte rumo à casa, ou ao lugar onde deve ir.....