terça-feira, 25 de agosto de 2009

até o sol nascer

Neste último final de semana fui a Barão Geraldo para fazer um workshop... Esses momentos são para mim pequenos respiros no cotidiano e provocam a avaliação do andamento de minhas perguntas. O que falta perguntar? Onde a pergunta se fez certeza sem razão?
Sair da cidade por dois dias já não é tarefa simples; inclui mudar, mexer e cancelar, gastar, contar com.... mas por fim, ares novos se aproximam. Mas afinal, em apenas dois dias? A entrada de novos ares depende do espaço disponível de quem respira, e acho que não o contrário....
Assim, demos uma pausa a esta filosofia aérea... Dos dois dias de trabalho, atenho-me discretamente apenas ao 2°. Meia-noite de sábado para domingo - a sala de trabalho da sede do Lume Teatro já está cheia novamente. Ao lado da porta uma pilha de cobertores e garrafinhas de água, do lado de fora da porta o frio agravado pela madrugada, do lado de dentro alongamento e espreguiçamentos e aumento dos batimentos para estar pronto a trabalhar... E a madrugada flui como um sonho... Persis-Jade, do PARA-ACTIVE começa dizendo em seu inglês suave e fluido: Me interessa saber se há diferença entre o trabalho realizado durante o dia e realizado durante a noite... E assim vamos, tentando sentir se o corpo reage o mesmo, se o coração sente o mesmo, se tudo é igual .... ou não. Ao contrário do que imaginei, o sono não é exatamente um obstáculo...ele sai de escanteio logo nos primeiros instantes. O frio se sente, mas não se impõe. Os corpos trabalham. E tudo segue assim, as propostas, os intervalos (uh! o intervalo de trina minutos, ese deixa o sono chegar)... Perto das 5h da manhã o aviso - nos preparemos para uma ação pública. Pública, mas para que público? - brinco mentalmente.
Assim, celulares sincronizados para tocar as 06h10, nos preparamos, com mochilas e apetrechos guardados e saímos rumo à rodoviária de Barão. Ao chegar, cada um escolhe um espaço, uma calçada, uma parte da cidade-centrinho de Barão e começa, 15 minutos antes das 06h10, a dançar a mudança de luz do amanhecer... Penso com meus botões que a ação é simples e poetica, mas sem grandes consequências... Penso que.... não, agora já não penso tanto... Percebo a mudança de luz, percebo maior do que é? Sério que a cada segundo o céu já não é o mesmo? O corpo trabalha diferente de dia ? Trabalho diferente de noite? 06h10 e todos correm no lugar.... estou na direção do sol, estou na direção do sol... para onde estão olhando os outros?.... Todos. Todos correm em direção ao Sol.... Viro o rosto e correndo no lugar respiro.... a disponobilidade de quem respira o ar... e a quase pausa... expandir, dançar..... conteplar.... Já essa é uma ação, disse Jade algumas horas atrás. E assimilo fisicamente o sentido de trabalhar na madrugada, assimilo sem nominar a riqueza de se respirar o nascer do Sol, assimilo e regozijo o silêmcio cultivo em horas de trabalho...e renovo meus votos de prazer a um trabalho provocativo e disciplinado, a um trabalho que produz um corte no cotidiano, mesmo que o corte seja de alguns instantes.
06h25.
acaba a ação pública, acaba e sem nos despedirmos e quase sem nos olharmos, cada um pega seu violão e sua sacola e parte rumo à casa, ou ao lugar onde deve ir.....

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